Um dos grandes desafios tecnológicos para proporcionar um desenvolvimento sustentável para o séc XXI é a produção dos biocombústíveis e das energias limpas. Um desses biocombustíveis em que se tem investido é o biodiesel, capaz de ser produzido a partir de diferentes materiais vegetais.
Neste trabalho apresentam-se as microalgas como o matéria prima à produção do biodiesel. Esse processo vem sendo mencionado desde 1950, com um grande marco entre 1980 a1995 com o desenvolvimento do Algae Species Program pelo Departamento da Energia e o Laboratório Nacional das Energias Renováveis americanos.
Através de processos de extracção diversos como a prensagem do óleo, o método de fluídos supercríticos ou ainda o método com solvente hexano, é extraído o óleo da biomassa das algas em percentuais diferentes mediante a técnica de extracção.
O processo de conversão deste óleo a biodiesel é uma transterificação, que é a reação de um triglicérido com um álcool (metanol) na presença de um catalisador, dando origem ao Biodiesel e o glicerol. Esse processo é seguido de uma separação das fases, recuperação e desidratação do álcool, destilação do glicerol e purificação do biodiesel.
O que faz das microalgas uma aposta à segurança energética, centra-se principalmente nos seguintes aspéctos:
- O combustível proveniente das microalgas é um combustível CO2 neutro, possui valor agregado pelos créditos de carbono em casos de explorações industriais;
- Esses organismos possuem a capacidade de realizar a fotossíntese, processo que requer energia luminosa, CO2, água, e alguns nutrientes, portando-se como um sumidouro de carbono atmosférico – e transforma essa energia fotossintética em energia química;
- Em relação aos vegetais superiores, as microalgas apresentam várias vantagens, tais como maior eficiência fotossintética, rápido crescimento, maior produção de biomassa por área;
- Com algumas estirpes, consegue-se utilizar para a produção de biodiesel cerca de 68% da sua matéria seca;
- Possuem uma grande variedade específica, sendo capazes de se adaptarem a vários meios segundo sua estirpe (águas salinas, doces, salobras, etc);
- Os óleos encontrados nas microalgas apresentam uma composição em ácidos gordos semelhante à dos óleos vegetais;
- A colheita da biomassa das microalgas não segue regime de safras, pode ser realizada diariamante, pois tem um tempo de geração de poucas horas, o que permite o cultivo contínuos;
- Não são necessárias áreas aráveis ou água potável para a produção das algas, não entrando em competição com as culturas alimentares, podendo ser reaproveitada para a sua produção a capacidade nutritiva das águas residuais domésticas servindo-se como factor de depuração;
Uma vez extraída o óleo para a transterificação, os resíduos da produção do biodiesel são fundamentalmente, o meio de cultura (água) que é reaproveitada e volta ao processo, os resíduos celulares que podem ser usados na produção de biogás por digestão anaeróbica e posterior co-geração de energia elétrica e/ou térmica. Este resíduo pode ainda ser utilizado como suplemento para a ração animal.